Inclusão digital nas escolas públicas

Os últimos anos testemunharam mudanças tecnológicas que transformaram a maneira como processamos e compartilhamos informações, impactando a sociedade, a comunicação e, inevitavelmente, o ambiente escolar.

Neste cenário, uma pesquisa conduzida por Geraldo dos Reis Souza e Maria Eduarda de Lima Menezes –  mestre e orientadora do mestrado de Tecnologias Emergentes em Educação da MUST University, respectivamente  – teve como propósito avaliar se os professores de uma escola da rede pública estão preparados, tanto em termos de conhecimento quanto em infraestrutura, para integrar tecnologias em suas práticas pedagógicas e promover a inclusão digital no ambiente escolar.

O estudo pode ser conferido na íntegra na revista científico-acadêmica MUST Reviews Volume 8., nas páginas 140 a 156.

Desigualdades digitais

A pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica seguida de um estudo de caso. Os resultados revelam que, em geral, os docentes se sentem confortáveis em usar tecnologias digitais em sala de aula para promover a inclusão digital. No entanto, eles também destacam a importância de investir na capacitação dos professores nesse processo.

Outra informação relevante apontada no estudo é que a inclusão digital nas escolas públicas tem sido vista como uma demanda crucial no cenário educacional contemporâneo. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) enfatizam a importância da tecnologia no cotidiano, destacando que ela é um agente de transformação da sociedade. A tecnologia influencia a escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizado, tornando-se essencial para preparar os alunos para as demandas sociais presentes e futuras.

No entanto, o uso crescente de tecnologias digitais no Brasil enfrenta desafios devido às disparidades socioeconômicas no país. Essas diferenças afetam o acesso às ferramentas digitais e apresentam desafios na formulação de políticas para reduzir os problemas de acessibilidade.

Percepção dos professores e abordagens pedagógicas

O estudo em questão se concentrou em uma escola localizada no interior do estado do Mato Grosso, cujo nome foi mantido em sigilo, a fim de garantir a confidencialidade das informações. O cenário analisado retratou a realidade de uma cidade com aproximadamente 20 mil habitantes, cuja economia é predominantemente sustentada pela atividade agropecuária.

O município abriga sete escolas municipais, quatro estaduais e uma instituição de ensino privada. Contudo, para a obtenção de dados, o foco da pesquisa recaiu sobre uma das escolas públicas estaduais situadas na região urbana. Esta escola é uma das quatro unidades de ensino que oferecem o nível médio e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) na cidade, contando com um total de 15 turmas distribuídas nos turnos diurno, vespertino e noturno.

A escola avaliada possui um quadro de 88 funcionários, dos quais 28 são professores da rede pública. Esses docentes foram investigados quanto ao seu conhecimento e infraestrutura para a integração das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) em suas práticas pedagógicas, com o intuito de promover a inclusão digital no ambiente escolar.

A relevância desta pesquisa reside na necessidade de dar voz aos professores em seu ambiente de trabalho real, a fim de avaliar sua capacitação e percepção acerca da inclusão digital em suas abordagens pedagógicas.

O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário estruturado, distribuído aos docentes que atuam presencialmente na escola sob investigação. As questões foram organizadas em três grupos: (i) caracterização da amostra; (ii) infraestrutura disponível; e (iii) percepção dos docentes sobre sua capacitação para a inclusão digital em suas práticas pedagógicas. Cerca de 60% dos professores responderam ao questionário, e a adesão foi influenciada pelo período de aplicação, que coincidiu com as férias letivas, ocorridas entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.

A primeira questão abordou a formação do corpo docente, revelando que todos os professores possuem pelo menos graduação, com uma ênfase especial em licenciaturas nas áreas da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) relacionadas às disciplinas de humanas, exatas e biológicas. Quanto à divisão de gênero, a proporção é equilibrada, com 53% de mulheres e 47% de homens. Observa-se que cerca de 40% dos docentes possuem mais de 45 anos, seguidos por 29,4% com idades entre 35 e 40 anos. Professores com menos de 30 anos representam menos de 20% do grupo. No que diz respeito ao tempo de docência, aproximadamente 40% dos professores lecionam há mais de 20 anos, enquanto cerca de 25% têm experiência de mais de 5 anos e 18% têm mais de 15 anos de atuação. Essa distribuição demonstra uma variedade de experiências e uma baixa rotatividade no corpo docente.

No que concerne à infraestrutura tecnológica, 94,1% dos docentes afirmaram ter acesso à internet de qualidade, com aproximadamente 83% relatando que dispõem de acesso regular à internet na sala de aula. Quando questionados sobre a disponibilidade de internet para uso dos alunos em seus próprios dispositivos, mais de 60% dos respondentes indicaram que a escola oferece boa infraestrutura para esse fim. Em geral, a qualidade da conexão à internet na escola foi avaliada como boa ou excelente por mais da metade dos professores, enquanto o restante a classificou como regular, sendo que nenhum docente a considerou ruim ou ineficiente. Isso reflete a existência de uma boa qualidade de acesso à internet na escola, tanto para os professores quanto para os alunos.

Recursos tecnológicos mais utilizados

No que se refere aos recursos disponíveis para uso em sala de aula, observou-se uma diversidade de opções, com a escola oferecendo uma ampla gama de possibilidades. Os recursos digitais mais mencionados para uso em aula foram tablets, notebooks/netbooks (incluindo chromebooks), datashows e smart TVs. Essa escolha destaca o fato de os professores utilizarem ferramentas de transmissão de conteúdo, ao mesmo tempo em que possibilitam a interação dos alunos com os recursos digitais.

Quanto à qualidade desses recursos disponíveis, a maioria dos docentes os considerou como regulares, com mais de 35% avaliando-os como bons ou ótimos. No que diz respeito aos laboratórios de informática, a escola investigada possui dois, ambos com acesso à internet. Os professores realizam agendamento manual para o uso desses laboratórios, e 80% dos docentes consideraram essa prática adequada e suficiente para atender às necessidades das disciplinas. Essa situação proporciona um ambiente confortável e permite que os alunos utilizem dispositivos tecnológicos conectados à internet em todas as disciplinas, contribuindo para o enriquecimento das aulas e a integração digital.

Portanto, está claro que o uso da tecnologia no contexto escolar oferece aos educadores um vasto conjunto de métodos de ensino, aumentando as oportunidades de engajamento dos estudantes. Além disso, contribui para o desenvolvimento do pensamento crítico, social e humano.

Capacitação do corpo docente

O último grupo de questões inseridas no estudo de caso teve como objetivo analisar se os professores se consideravam capacitados e com infraestrutura suficiente para integrar as TDIC em suas práticas pedagógicas, promovendo a inclusão digital na escola pública. As respostas indicaram que os recursos digitais mais utilizados em sala de aula estão relacionados à transmissão de conteúdo (TV, datashow), o que aprimora a qualidade e a dinâmica das aulas, permitindo a apresentação de slides, vídeos e outras animações que contribuem para a otimização do processo de ensino.

Quando questionados se o uso de tecnologias digitais melhora o desempenho e o aprendizado dos alunos, a resposta foi unânime, com 100% dos docentes afirmando que as TDIC efetivamente contribuem para a melhoria do desempenho, bem como do comportamento e do comprometimento dos alunos. Entretanto, os professores também expressaram a necessidade de uma formação específica e de uma disposição política para implantar uma cultura de difusão das TDIC nas práticas pedagógicas.

Logo, o relevante estudo Inclusão Digital nas Escolas Públicas ressaltou a importância de investimentos em capacitação docente e políticas educacionais que promovam a integração eficaz das tecnologias digitais no ensino, visando a inclusão digital e o aprimoramento da qualidade da educação.

Confira a pesquisa na íntegra acessando a MUST Reviews Volume 8., nas páginas 140 a 156.

Essa pesquisa foi desenvolvida por Geraldo dos Reis Souza – Mestre em Tecnologias Emergentes em Educação; e Maria Eduarda Menezes – Orientadora no Trabalho de Conclusão Final (TCF) do programa de Mestrado em Tecnologias Emergentes em Educação da MUST University. Junte-se a nós.

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